Porque Highschool of the Dead é bom

Eu sei que para muitos esse anime vai de mal a pior e sei a razão disso. O anime não é tão bem estruturado, tem umas falhinhas aqui e ali que irritam, e para quem não gosta de fanservice é uma chatice. Para quem gosta até que vai. Eu não gosto de fanservice e mas gosto desse anime, simplesmente porque ele satisfez algumas das minhas expectações com relação à cultura zumbi.

Gosto de cultura zumbi, mas não gosto de tudo que tem nela. Odeio aquele filme da raiva e gritaria, REC, e não assisti Romero o suficiente para ser uma “apreciadora”. Vi o primeiro filme dele de 1968, entretanto, e gostei, pelo ar de clássico e “mal-feito-bem-feito” que o filme tem. E não me venha dizer que não era frango aquilo que eles comeram em uma parte, que era frango sim.

Os motivos que me levam a gostar da cultura zumbi são bem específicos também. Eu não sei por quais motivos muita gente gosta, mas o que eu gosto de ver é o comportamento humano, como os sobreviventes conseguiram sobreviver, e como as relações humanas se estabelecem durante e depois do apocalipse. É claro que poucas obras exploram isso, mesmo porque a maioria dos blockbusters zumbis que temos dura duas horas. Se for jogo, não temos a oportunidade de ver muito do que acontece DEPOIS, o que é uma pena. Mas nas horas em que jogamos participamos de certa em tempo real do segundo fator importante que eu mencionei: do método. Claro que no jogo a abordagem é outra, muito diferente de filmes, livros e seriados. O jogador age, encarna, se mexe ali dentro como o próprio personagem, e isso apresenta um ponto de vista totalmente diferente.

Mas ainda assim, nos primeiros jogos de Resident, que ocorrem na cidade, pelo contato com outras pessoas não infectadas podemos ver como elas estão encarando a situação.

Em obras visuais  mais longas como o seriado Walking Dead e a graphic novel de mesmo nome da qual foi inspirado mostram o período um pouco depois do ápice do surto. O policial acorda depois que quase todo mundo já morreu. E aí ele vai tentar sobreviver junto com os outros que estão tentando fazer o mesmo. Mostra o método, mas o foco maior é nas relações humanas (ou não-humanas) entre eles.

A única obra que eu vi que compila tudo isso é o livro do Max Brooks, World War Z, sem tradução ainda para o pt-br, mas com adaptação para o cinema confirmada. Nele, 12 anos de guerra contra os mortos vivos são descritos por sobreviventes, em mínimos detalhes. O livro é muito realista, fantástico ao mesmo tempo, mas é impressionante. Eu não consegui dormir direito por uma semana depois de ler.

Agora, onde entra HOTD em tudo isso? Entra que é um tipo de arte visual que eu já aprecio de longa data (faz mais de 10 anos que gosto de anime) e que trata o tema de uma maneira que eu gosto. Mostra o ápice, o método, e até um pouco depois pelo tanto de episódios que o anime tem – 12. E os personagens se encaixam em uma classe que eu aprecio: o protagonista, Komuro, não é um burro qualquer que pega todas; ele pensa, é forte, inteligente e firmeza. Ele vê com os próprios olhos um zumbi atacando uma pessoa, e mesmo sem saber o que estava acontecendo, já partiu para a ação. Convocou duas pessoas importantes para ele, explicou rapidamente a situação e os três já se armaram e começaram a enfrentar os zumbis ali mesmo.

Uma coisa a ser levada em conta nessa história é que a infecção, nesse caso, contamina quem foi mordido em questão de minutos. Mordeu, morreu, virou. É quase instantâneo. Por isso que o anime tem um ritmo acelerado e por isso que parece que tudo está mal-desenvolvido. Outra coisa é que os personagens já eram fortes antes do apocalipse acontecer: Komuro já era forte, Rei já era do clube de soujutsu, Saeko foi campeã da arte dela e Kouta é um aficionado por armas. O apocalipse meramente deu espaço para eles usarem essas habilidades deles ao extremo, porque dessa vez “podia matar”.

 

A narrativa da história também é um diferencial, já que é narrada em primeira pessoa por Komuro, que além de contar os fatos, adiciona seus comentários pessoais àquilo que ocorreu.

Outra coisa que me chama atenção nesse anime é o objetivo deles. Eles não querem achar um “lugar seguro”, como é clichê. Eles querem primeiro saber o que aconteceu, de onde está vindo tudo isso, e é isso que eles decidem.

Mas é claro: tudo tem problemas. Highschool of the Dead não é um anime masterpiece porque quem adaptou do mangá provavelmente teve medo. Medo de ser como no mangá. Eles tentaram fazer uma semi-condensação do mangá em 12 episódios, o que deixou tanto certas partes de história superficiais ou deslocadas. Eu li o mangá e posso dizer que apesar da velocidade com a qual a infecção se espalha, o ritmo é um pouco mais lento e as coisas são bem explicada. Não tem buracos.

No anime também a narração de Komuro é muito reduzida em relação ao mangá. O fanservice também foi muito mais explorado no anime, inclusive foram adicionadas cenas que não existiam no mangá pra começar. Isso faz parecer que eles quiseram entrar com tudo com o anime: oferecendo uma ação rápida, com fanservice, para pegar rápido o público. E daí eles tentaram digerir a história rápido, com medo que a audiência diminuísse conforme os episódios avançassem.

Na minha opinião, se eles tivessem tido mais coragem e tivesse seguido mais o ritmo do mangá, e feito uma segunda temporada ou uma temporada inteira, o anime teria sido bem melhor.

Eu fico indignada por esse anime, que merece, não ganhar uma outra temporada, e que atrocidades como Seikon no Qwaser ganhem:

De qualquer maneira, depois de anime o mangá continua e continua bem. O anime supostamente vai até o volume 4, e o mangá atualmente está no  7º volume e ongoing. Ou seja: moar.

 

  • wash

    concordo com tudo que disse, HOTD e um anime muito bom mais acredito q poderia ser muito melhor… outra coisa que vc citou ai e o Walking Dead adoro esse seriado..  vlew abraç

  • paulo eduardo pugliesi

    cade a segunda temporada de high school of the dead ten uqe ter a melhor anime

    • supersugoi

      Também queria saber. Por enquanto, nem previsão.