Ludum Dare Selection – Never Alone Hotline

Esse jogo foi feito em 48 horas para a competição Ludum Dare 22, cujo tema era “alone” (solidão). Nele, você é o responsável pelas escolhas da protagonista, Severine, que trabalha como voluntária nessa Never Alone Hotline. Nessa função, ela deve atender o telefone e tentar ajudar as pessoas que ligam.

Pelo que a protagonista fala para si mesma, esse é um serviço meio ingrato. Ela não sabe porque está ali, depois da meia noite, esperando o telefone tocar. E logo o jogo nos mostra como é essa vida dele. O primeiro telefonema é de um pervert, que pergunta a idade dela, quais roupas ela usa e, a depender das respostas que o jogador escolhe, essa pessoa menciona coisas constrangedoras pelo telefone.

Apesar de Severine estar em uma posição em que ela precisa ajudar os outros – pois esta é a sua função – o jogo dá ao jogador algumas opções de resposta que não são tão educadas. E claro, em todas as conversas tem a possibilidade de desligar na cara da outra pessoa toda vez que o jogador pode escolher uma resposta de Severine.

No geral, as respostas dadas por ela não refletem muito no resultado do jogo mesmo porque o jogo não tem resultado. É um jogo sobre solidão e a proposta dele é discutir isso. Nesse sentido, o jogador deve escolher as respostas de acordo com o que ele quer saber da pessoa que está do outro lado da linha.

 

Joguei o indie game duas vezes e nessas duas vezes obtive informações diferentes mas complementares sobre as pessoas que telefonam. Descobri que a ex-namorada de um dos homens que liga fazia parte de uma ONG. Descobri que o marido de uma senhora está morto, e que ela liga para o Never Alone Hotline  simplesmente porque quer falar com alguém. Fiz um suicida morrer em agonia, e outra vez morrer em paz.

Never Alone Hotline é um jogo feito para justamente você conhecer a condição das pessoas que ligam ao mesmo tempo em que você toma conhecimento da condição da própria protagonista, que similarmente às pessoas que ligam, também se sente sozinha.

No jogo, Severine chega a ser confrontada com perguntas morais e filosóficas do tipo: “O que estar sozinho para você?” E o interessante é que quem faz essa pergunta é uma personagem que representa o próprio Pierrec, desenvolvedor do jogo. E ele também, em sua fala, afirma estar sozinho.

 

Ao final, percebemos que o jogo estabelece um paradoxo: ele nos mostra que todos nós estamos sozinhos mas conectados de alguma maneira. Isso fica muito claro quando o último personagem liga e este personagem acaba confortando Severine quando este seria o trabalho dela.

 

Um jogo bem simples, curto, mas com um conceito muito interessante. E mesmo que você queira jogar sem se importar com essas questões de solidão, esse indie game ainda é divertido porque ele dá conversas divertidas para o jogador particpar.

Info (Indie Games Dev Blog): http://indiegames.com/2012/01/browser_game_pick_never_alone_.html

Para jogar (official competition site): http://www.ludumdare.com/compo/ludum-dare-22/?action=preview&uid=1874