Indie Games Selection – The Artist is Present

Esse jogo me foi particularmente interessante porque nos últimos tempos eu decidi estudar arte e estudar vanguardas atísticas. Isso em parte porque muitas das teorias que eu estudo foram geradas a partir de reflexões sobre a obra de arte, e aproveitei a “obrigação” para ter um contato mais íntimo com a obra de arte (algo que eu também sempre quis entender).

Em The Artist is Present, o jogador encarna no papel de um protagonista anônimo e de imagem aleatória, e o único objetivo possível nesse jogo é entrar no museu de arte moderna e partipar da exposição homônima ao jogo (The Artist is PresentMarina Abramović, 2010). Essa exposição aconteceu de verdade, em 2010, e da mesma maneira que é proposta no jogo: o expectador senta em uma cadeira na frente da artista estática e muda e a observa. Somente isso. E isso é o objetivo do jogo.

Atualmente, Marina Abramović está na lista de Top 14 Artistas Vivos de 2014, feita pelo Artsy.

The Artist is Present é um indie game muito diferente dos outros. Primeiramente, ele funciona em conjunto com o mundo real, e o mundo do jogo é somente uma representação virtual muito fiel da nossa realidade.

 

 

 

 

 

 

O jogo está disponível para ser jogado por qualquer browser, e ele funciona como um jogo on-line, em que outros jogadores participam do mesmo ambiente. Mas o paralelismo com a realidade chega a ser irritante. Primeiramente, devemos respeitar o horário de funcionamento do museu. Eu sempre esquecia isso quando ia testar o jogo, e somente no terceiro dia de tentativa acertei o horário (sempre quando eu ia entrar no museu, ele já estava fechado). O horário está de acordo com o horário do Pacífico (creio), então para quem é brasileiro há mais um cálculo a se fazer.

Em segundo lugar, não se pode entrar com tudo no museu. É necessário comprar o ingresso, e respeitosamente entregá-lo ao segurança.

 

 

 

 

 

Dentro do museu existem alguns quadros famosos expostos, e é possível ler informações sobre eles nos papéis que ficam ao lado deles. Como num museu de verdade.

 

 

 

 

E para a atração principal, que é sentar-se à frente da artista Abramović, tem uma fila bem grande. E é necessário ficar na fila para admirá-la. Eu não sei exatamente quanto tempo é necessário para isso. Posso dizer que ainda não conseguir sentar em frente a ela.

E o jogo se resume a isso. E eu sinto segurança em dizer que alguns afirmariam que “isso não jogo” ou “isso não é nem indie game”. Bem, eu defendo que existe o elemento lúdico, e ele é muito claro desde o começo quando ele posiciona o jogo nos nossos esquemas de realidade. Ou seja: you have to play by the rules, the exact rules established by your own society (você tem que ir pelas regras, regras estas estabelecidas pela sua própria sociedade).

 

 

 

Creio que, mais do que isso, o jogo represente um desafio. Porque ele é um jogo e ele te desafia a jogá-lo e a terminá-lo simplesmente por isso ser parte da constituição do que é um jogo. Mas quando ele faz isso, nas condições que ele te prende como jogador, ele está te limitando pelo próprio mundo real ao qual você pertence.

Pode ser um exagero, mas isso está nas palavras do próprio desenvolvedor. The Artist is Present é um jogo sobre regras que devem ser seguidas, sobre filas nas quais devemos aguardar. E o próprio Pippin Barr teve que esperar 5 horas na fila do próprio jogo.

Creio que The Artist is Present tem uma mecânica valiosa para se pensar em regras do jogo e no que o mundo do jogo implica nas ações do jogador.

Para jogar (Pippin Barr’s official site):

http://www.pippinbarr.com/games/theartistispresent/TheArtistIsPresent.html

Mais Info (Indie Games Dev Blog):

http://indiegames.com/2011/09/browser_game_pick_the_artist_i.html

Entrevista com Pippin Barr:

http://www.gamasutra.com/view/news/37891/Interview_The_Artist_is_Present_Questions_Can_Art_Be_Games.php

Página da Marina Abramović no Artsy: https://www.artsy.net/artist/marina-abramovic-1