Isabela Boscov e o problema com suas críticas

Não sou cinéfila e também não sou especialista em cinema. Gosto de filmes, mas não é meu entretenimento favorito. Ainda assim, fico incomodada com certas críticas que vejo. Dessa vez, Isabela Boscov me incomodou um pouco e eu gostaria de dizer porquê. Não é porque ela elogiou Crepúsculo e criticou Watchmen. Não gosto de nenhum desses dois filmes, por gosto pessoal mesmo e não é por isso que eles sejam filmes ruins. O primeiro é entediante e o segundo trata de uma história envelhecida de maneira quase hermética. Mas essa é outra discussão, é minha opinião baseada em minhas leituras.

Eu também não gostei de Sucker Punch. Na verdade, esse filme me decepcionou muito, mas não foi porque eu tive que ficar duas horas vendo meninas bonitas carregando armas, mas sim porque a história me prometeu algo no começo que ela não cumpriu.

O que me deixou incomodada com as críticas de Isabela Boscov não é o gosto dela, porque até certo ponto eu e ela coincidimos, mas a maneira como a crítica foi feita. Coloco aqui os vídeos aos quais faço referência:

Declaro desde já que sinto segurança para fazer esse tipo de post porque estudei e li alguns livros sobre essa cinema, adaptação e narrativa visual. Realizei um projeto na faculdade sobre adaptação entre cinema e mangá e escrevi dois artigos sobre isso. Então, posso dizer que eu entendo pelo menos um pouco quando penso sobre um filme e sobre  que tem nele que não me agrada. Tento falar especificamente porque é isso que interessa, porque quero evitar esse tipo de crítica que a Boscov faz. Como assim?

Nas palavras dela, Crepúsculo é um bom filme porque remete a um romance juvenil que parecia nem existir mais, mas que existe. Watchmen é um filme que não passa nenhuma expressividade para que assiste, é hermético, sóbrio, inerte. E Sucker Punch é um filme direcionado para meninos adolescentes, bonito, mas superficial, que realça uma sexualidade feminina de maneira duvidosa.

Ok. Pode até ser. Com exceção de que não é SÓ isso. E em cindo minutos de vídeo tem tempo de sobra para falar mais concretamente sobre algo que se gosta ou não sem parecer tendenciosa ou preconceituosa, como foi a impressão passada para alguns dos que viram os vídeos.

Ela poderia ter falado que Crepúsculo é um bom filme porque, assim como o livro, põe em foco um universo feminino sensível sem fragilizá-lo.

Ela também poderia ter falado que Watchmen parece (veja bem, parece) inerte não porque foi feito de quem leu o quadrinho para quem leu o quadrinho, e portanto não se importava com quem não conhecia a história, mas é inerte porque a história é inerte, a ambientação da história é mórbida. O filme retrata uma época de decadência, e uma decadência feia, não bonita, do super-herói. A narrativa de Watchmen está estruturada de uma maneira quase melancólica, combinando com os eventos dramáticos da saga.

Ela, mais uma vez também, poderia ter falado simplesmente que Sucker Punch não era bom porque era repetitivo, no lugar de usar argumentos como “o filme é bobo, o filme é tosco”, que, na verdade, não são argumentos, e sim comentários particulares que não provam pontos, só irritam quem gostou do filme.

Em outras palavras, tudo aquilo que ela falou no vídeo poderia ter sido resumido e adicionado de outros dizeres que deixariam o vídeo mais interessante e menos suspeito. Não sou uma pessoa muito desconfiada, mas quando eu vi Boscov chamando 300, Watchmen e Sucker Punch de “filme bobo”, eu não levei nem um pouco a sério e comecei a me perguntar se ela não seria um troll. Infelizmente, não era.

Olha só, eu não estou protegendo esses filmes, nem os fãs deles, nem nada parecido. Eu estou entristecida com o nível da crítica oferecida por alguém que se põe uma posição de status de “especialista” (porque para ser crítico da Veja, esse alguém deve ser especialista) e que acaba não contribuindo em praticamente nada relacionado ao filme e à sua recepção. A única coisa que fez foi colocar internautas uns contra os outros e contra ela própria. E isso não é crítica e isso nunca vai ser crítica.

  • http://acirrando.blogspot.com Ciro

    Concordo inteiramente com o que você diz, o pior são críticos que não entendem que certas coisas são meio que focadas ou datadas. No caso de Sucker Punch não sei qual era a intenção do Zack Snyder, mas que o filme me lembrou certos tipos de gibis e filmes como Tank Girl, ah isso lembrou.

    • http://supersugoi.net Clarissa

      É. O problema não é nem tanto o filme em si, mas o que é falado dele e a maneira como é falado.
      Obrigada pelo comentário.

  • Paulo José da Costa

    Concordo com você. Veja a crítica dela neste final-de-semana (11.3.2013) onde ela destrói o filme “Oz, mágico e poderoso” e de quebra também assassina “O Mágico de Oz”. Não vejo problema em criticar, mas a coisa extravasa um pouco e se torna subjetiva, pessoal, e por isso mesmo limitada e falível quando se abandona a análise da arte cinematográfica para se partir para a adjetivação pura e simples. O ponto que me chateou nessa crítica foi bem no final quando ela massacra o clássico “O Mágico de Oz” e o compara com a nova criação “Oz”, dizendo que neste último, “pelo menos não há cantoria”… Ora é coisa dela, particular, não gostar de musicais. Me ofende gravemente pois eu gosto de musicais e muita gente gosta e a crítica é gratuita e boba. Pede-se a uma “especialista” que entenda profundamente de cinema e com isso não despreze uma fatia considerável dos filmes realizados, muitos deles perfeitas e acabadas obras de arte, por não gostar de “cantoria”. Ora, vá cantar noutra freguesia. Está “se achando” demais.