Eu sempre tive medo de aranhas, mas acho que dessa vez fiquei com um trauma de verdade. Até hoje estou tendo ilusões e delírios de aranhas subindo pelas paredes, fugindo pelo chão, fazendo ninho no meu cabelo e botando no meu ouvido (essa última, créditos para o Oatmeal).A história é bem simples e fácil. Sabe quando voce está andando alegremente, feliz com a vida e com o preço da gasolina, e vê algo perigoso na sua frente mas o espírito de Murphy coloca um perception filter naquilo e então você não consegue desviar? Em outras palavras:
Então. Por vários motivos, uma cobertura extra está sendo construída aqui do lado. Por vários outros motivos, existe uma cobertura improvisada com uma lona azul de caminhão, bastante resistente, protegendo o local da chuva. Por ainda mais vários outros motivos, a obra está parada há mais de um mês, então tem um pouco de entulho e ferramentas jogadas aqui, entre elas uma vanca (você sabe o que é uma vanca?). Por uma coicidência não tão surpreendente, essa ferramente ficou encostada na parede da minha janela. Ou seja, tudo isso = HABITAT PERFEITO.
Um dia eu fui tomar um café ao ar livre e zanzei um pouco por esse lado, e percebi que tinha uma teia de aranha enorme englobando o cabo de madeira dessa vanca e outras coisas, como o pé de uma escada. Falei pro Fa “Olha a teia de aranha englobando tudo!”, mas não fiz nada.
No dia seguinte, enquanto estava no pc, vi uma pequeninha aranha subindo pela minha perna. Matei. Depois vi mais duas em cima da mesa. Matei. Depois mais cinco no chão. Desconfiei. Depois vi uma teia gigantesca na grade de janela e mais uma vinte aranhinhas nela. Era de noite, pegamos a lanterna e fomos ver a tal teia do dia anterior. Conclusão: um ovo estourou e as aranhas estavam correndo para a sobrevivência, para o lugar com luz mais próxima, ou seja, nós. Tinham tantas, tantas… elas conseguiram fazer teia praticamente em todos os móveis, janelas, livros e ouvidos.
O pior não foi isso. O pior foi que a mãe das tais aranhas era terrivelmente feia e assustadora. Enquanto (infelizmente, foi necessário) enviávamos ela para outro lugar, percebi que ela tinha uma marca vermelha no abdômem. Tivemos que queimar entulho, limpar o quarto, varrer tudo de cima a baixo, queimar mais entulho. Depois de 4 horas de trabalho, estávamos a salvo e cheios de alergias. E trauma.
E então eu fui pesquisar na net que aranha era aquela. Era uma Latrodectus. Isso aqui ó:
Exatamente, uma viúva negra, que nem sempre é negra como se pode notar. A marca vermelha que eu vi era aquela ali. Isso significa que tivemos vários filhotinhos de viúva-negra aqui no quarto. Comendo nossos cérebros. Depois desse ocorrido, que serviu de uma imensa lição para não deixar sob hipótese alguma entulho de construção acumular em lugar nenhum desse mundo, sou uma pessoa de expressão cética e pessimista:
“Como que certas pessoas que limpam o quarto só com borrifador vivem?”, é minha dúvida existencial no momento. Assustada mais do que suficiente, permiti um comentário mais ou menos humorado durante toda essa saga: “E se aranha tivesse asas?” o Fa respondeu: “Ah, aí não precisava de mais nada”.
Mas realmente não precisa. E realmente, aranha não precisa de asa, já que existem aquelas que comem voadores do jeito que são. Como se bem espera da Internet, fui clicando, clicando e encontrei o terror:
O nome dela é bastante apropriado. Goliath Bird-eater, ou seja, Golias-comedora-de-pássaro. É a segunda maior aranha do planeta. Pode chegar a 30 cm de comprimento. Se alimenta de insetos, pequenos pássaros e se bobear de filhotes de humano também. Ela gosta de morar em buracos no chão, principalmente se for pantanoso, mas se a necessidade apertar, entulhos serão bem aconchegantes para ela. Ou seja, aranha não precisa de asas.
Alguém pode argumentar: “ah, mas é só uma tarântula comum…”. Sim, pode ser, claro… pela mandíbula:
É, só uma tarântula comum, carnívora como qualquer outra…
É. Minha reação tó tende a piorar.
Vislumbrem a galeria extra dessa semana.