Spring 2011 e os animes com demônios

A temporada de animes spring 2011 está chegando ao fim e posso dizer que foi uma temporada muito divertida. Os animes ainda não acabaram, mas pelo que já ofereceram, tivemos variedade e quantidade. Drama, ação, comédia, enfim… foi uma temporada que valeu a pena acompanhar. E eu reparei em uma coisa: não se coincidentemente, três animes dessa temporada têm como temas demônios. Não sei se coincidentemente também, eu estou assistindo todos eles. Então decidi escrever um pouco sobre eles para ver como o tema “demônio” está sendo tratado diferentemente nos três.

Desde já adianto que o anime Beezelbub não está aqui nesse post porque além de ele ter começado na temporada anterior (o que faz dele um anime winter 2011), eu não estou  acompanhando. Então ele ficou de fora.

Dos três animes que já mencionei, gostaria de falar primeiro de Lotte no Omocha (Astarotte’s Toy). Esse é um anime que têm lolis e uma pretensão de harém invertido, apesar de eu não saber a partir de quando ele acontece. Até agora ele parece um harém sem o monte de clichês que haréns têm. A premissa dele já introduz uma ideia bem pornô: a heroína, Lotte, é um demônio do tipo succubus que para viver, a partir de certa idade, precisa “sugar” a vida de seres do sexo masculino (se é que você me entende). E para isso, ela já aos 9 anos de idade precisa começar a montar o seu harém particular. O problema é que Lotte odeia homens, qualquer tipo deles. Só que se ela não “sugar” energia vital, ela morre. Ou seja = impasse.

Em um desafio à uma de suas súditas, Lotte diz que só vai formar um harém se o primeiro membro desse grupo for um humano. Como a Lotte e todos os outros personagens vivem no mundo dos demônios, eles acham que humanos são uma lenda. Mas a súdita dela consegue trazer um humano, Naoya, e sua filha, Asuha, para esse mundo dos demônios. Então, a princesa Lotte não terá outra escolha a não ser… E o anime é sobre isso. Não exatamente “isso”, mas sobre o conflito da Lotte com Naoya e na aceitação dele como um amigo.

Eu não estou up-to-date com a série, parei no episódio cinco porque estava com agonia de ter que ficar uma semana esperando para ver o que acontece (já sofro com Kami Nomi zo Shiru wo Sekai e com Ao no Exorcist). Vou terminar de assistir quando o anime acabar.
Em Lotte no Omocha a esmagadora maioria das personagens são demônios, havendo somente dois humanos, Naoya e sua filha. Temos então um anime que figura o demônio como o normal e corriqueiro para aquele mundo, e o humano como o estranho. Interessante também é perceber que os demônios são representados por formas clássicas já conhecidas da literaturas e outras mídias, ou por formas um pouco mais peculiares (algumas personagem são personificações de animais). A princesa Lotte Ygvar, por exemplo, é uma clássica succubus. Seu nome inteiro, inclusive, é um nome muito comumente dado a demônios: Astarotte.

Em segundo, vou falar de Ao no Exorcist. É um anime com uma premissa bem clichê de início, mas que está se desenvolvendo lenta e calmamente, de uma maneira a mostrar bem as personagens e o relacionamento que aos poucos está se construindo entre elas. Não como um grupo de estudantes que no primeiro ou segundo episódio do anime estão super-super amigos, mas como companheiros que aos poucos vão se conhecendo e discutindo suas diferenças.

A história de Ao é bem simples: existem dois mundos, Assiah, onde vivem os humanos, e Gehenna, dominado pelos demônios. Um mundo não interfere no outro, mas os demônios estão sempre possuindo os humanos e tentando dominar Assiah. Desse modo, Satan deu um jeito de criar uma possível passagem para Assiah, que era fazendo nascer um filho próprio no mundo dos humanos. Esse filho é Rin, que não sabia de nada disso. Nunca teve muita sorte com nada na vida e vivia alheio a esse fato. Até que ele começa ser perseguido. E eu só posso falar até aí (o resto, apesar de escrito na ANN, eu considero spoiler).

Rin, o protagonista do anime, possui uma burrice particular que na minha opinião só trouxe benefícios para o andamento do anime. Ele não ficou enrolando em cima de intrigas com outras personagens, e tocou a história para frente, como acho que deve ser feito. Mesmo em um dos dramas mais pesados que veio a aparecer até agora na história, Rin não ficou remoendo em cima daquilo. Eu geralmente não gosto de protagonistas burros porque eles expressam burrice. Rin pode não saber um monte de coisa e dormir uma média de 11 horas por noite, mas ele toma mais decisões certas do que erradas. Claro que nesse caso específico, eu não considero o protagonismo somente dele. Considero o irmão gêmeo dele, Yukio, um semi-protagonista. Afinal ele exerce um papel na história do anime que é muito mais do que o de um personagem secundário e um pouco menos do que o de um protagonista. Sem contar que eu considero um ponto positivo para o anime o respeito que ele tem com o irmão mais velho (não parece que Rin é mais velho… afinal eles são gêmeos).

Em Ao no Exorcist, demônios são mostrados como seres de outro mundo, mas que não devem ser exterminados em sua totalidade. Existem tipos e tipos de demônios, e alguns deles até ajudam os seres humanos (como o Ukobach, um demônio que costumeiramente cozinha e gosta de cozinhar). Alguns deles não são nem agressivos, como é mostrado em alguns episódios. Mas no geral, eles são seres passíveis de exterminação.

Por esse motivo, Rin esconde de todos que é o filho de Satan e acaba sofrendo perseguições. O seu primeiro inimigo, no caso, é um demônio que toma o corpo de um deliquente chamado Shiratori. O demônio chama-se Astaroth (o mesmo nome da Princesa Lotte! <o>). No entanto, apesar de os demônios serem mostrados como inimigos mesmo nesse anime, eles são mostrados dessa maneira seriamente. Não existe sequer uma pitada de escárnio por eles no anime.

Muito diferentemente de Yondemasu yo, Azazel-san!, que é um dos meus favoritos da temporada. Tristeza para mim, porque cada episódio só tem 12 minutos e só teremos 12 episódios ><. Faz-me triste. Mas é um anime muito bom. Para quem gosta de gag, é o que há.

Nele, Sakuma é uma estudante universitária que trabalha em uma agência de investigação, tendo como chefe o detetive Akutabe. Só que ele não é apenas um detetive, ele é um invocador de demônios. E ele invoca demônios para ajudar nos casos a serem resolvidos. O primeiro demônio que Sakuma vê sendo invocado é o Azazel, o demônio que causa luxúria. Só que o anime é assim: você espera sair do círculo de invocação uma criatura que inspire medo, e o que sai é um ser de meio metro de altura, barrigudinho, com cara de cachorro.

Ou seja, o anime não leva nada a sério. Mesmo o mais violento dos demônios. No decorrer da história outros demônios são invocados e cada um é tratado pior do que o outro. Akutabe não tem medo e não perdoa os demônios, que tem uma personalidade muito adequada para a imagem deles. Eles não possuem respeito, dignidade, modéstia, nada, nenhuma característica que sirva para ter pena deles e pensar que eles não deveriam ser maltratados da maneira que são.

Yondemasu yo, Azazel-san! é um anime que satiriza demônios e invocações, e não tem praticamente respeito por nada. Nem pelos anjos que aparecem vez ou outra, que são personagens extremamente mal desenhados.

Claro que isso tudo faz parte do humor proposto.

Apesar de a série televisiva só ter 12 episódios, o mangá já está no sexto volume e ongoing. Nenhum grupo ainda está traduzindo, mas espero que com o anime eles comecem a trabalhar. Vamos esperar.